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  • Fabiana de Luna

Ter Diabetes e morar SOZINHO...


Liberdade ou Risco?

Descobri meu diabetes Mellitus tipo 1 aos 8 anos de idade. Sempre morei com meus pais, dividia quarto com minhas irmãs, depois me mudei pra São Paulo e morei em uma “república”, dividindo quarto, e depois com meu (ex) marido, e há apenas 3 anos moro sozinha.

Não foi uma decisão difícil, apesar do medo... Mas me levou a refletir um bocado sobre os riscos que eu estava assumindo...

Eu vejo sempre nos grupos de Diabetes as mães preocupadas, acordando mais de 1 vez na madrugada para verificar a glicemia dos filhos pequenos que, muitas vezes, não sentem os sintomas de uma hipoglicemia, especialmente dormindo. Não lembro de minha mãe fazer isso, embora ela afirme que sim... sempre dava uma espiadinha para ver se eu estava viva! Rs

Mas naquela época não tínhamos nem glicosímetro, muito menos sensores, então, era confiar nos sintomas de suor, respiração, e um pouco de fé mesmo.

Eu, com a graça de Deus, sou muito sensível aos sintomas de hipoglicemia. Percebo rapidamente, mesmo dormindo, e sempre acordo a tempo de tomar as medidas necessárias. E sentindo aquele suor frio, tremedeira, fome absurda, já pulava da cama direto para a geladeira, que nem contava os passos!

Mas nem minhas irmãs, minhas colegas de quarto, meu marido, ninguém percebia se eu estava com hipo, ou sequer se levantavam para saber se estava tudo bem. Acho que, acostumados com minha segurança, nem pensavam que, naquele momento, minha vida estava em risco. Mas enfim, eu comia o que era necessário (e às vezes mais do que necessário) e voltava para a cama, e só comentava do ocorrido na manhã seguinte, já que era difícil levantar, tamanho cansaço.

Um dia, morando já sozinha, levantei no meio da madrugada e me dei conta que não tinha NADA com açúcar em casa. Não tinha nem açúcar! Eu tinha voltado de viagem em um domingo à noite, não tinha feito compras, não tinha nada em casa, e o que me salvou foi uma maçã murcha, quase passada, que estava dando sopa ali na fruteira. Aquela maçã rejeitada durante dias, salvou minha vida.

==> A partir daquele dia me dei conta que, ao morar sozinha, por mais que eu tivesse um certo domínio sobre o meu diabetes, eu deveria tomar alguns cuidados...

Passei então a comprar sachês de glicose, que carrego sempre no carro e na bolsa. Não deixo faltar açúcar ou mel, pois nunca sabemos quando a visita não gosta de adoçante, ou quando vamos precisar mesmo daquele docinho... às vezes também deixo algum refrigerante ou suco normal, desses de caixinha mesmo, na porta da geladeira, pois são práticos e contém a quantidade ideal de carboidratos para sair de uma hipo com segurança e não precisar comer até a porta da geladeira!

Morando sozinha, vi que precisava estabelecer uma rotina lógica, para não deixar faltar medicamentos, não deixar faltar alimentos saudáveis, não deixar faltar açúcar ou algum doce para o caso de hipos, enfim... tive que adaptar a minha rotina para que eu possa viver tranquila, e em segurança.

Se me bate medo? Eu tenho um baita medo de acontecer alguma coisa e ninguém me encontrar a tempo de socorrer! Minha família mora a mais de 250 Km distante de mim, em outro estado, e vez ou outra algum amigo passa em casa para um bate papo ou pipoca com netflix.... então elegi uma amiga para sempre falar comigo pois, o dia em que eu não der notícias o dia todo, ela está autorizada a arrombar a porta e entrar no apartamento pra ver se eu estou viva!

Parece trágico... mas a verdade é que precisamos sim de cuidados. E por mais que tomemos o máximo de precauções para viver sozinhos, é importante tomarmos todas as medidas que podem ser úteis à nossa segurança, e à nossa vida!

Então, algumas dicas bem diretas e práticas para quem mora ou pretende morar sozinho:

1) Deixe a chave de sua casa/apartamento com alguém de confiança

2) Meça sua glicemia SEMPRE antes de dormir, e às vezes de madrugada, apra saber se tudo está indo bem, e na dúvida, coma alguma coisinha leve... melhor ter a glicemia levemente alterada de madrugada do que ter uma hipo e não sentir!

3) Se tiver episódios de hipoglicemia, visite seu médico e tente encontrar a causa, e a correção para esta situação

4) Mantenha sempre um estoque de comidas (doces, refris, sucos) que possam salvar a sua vida em caso de emergência (mas evite-os se não houver necessidade!)

5) Fale com o porteiro do seu prédio, que no caso de perceber o seu sumiço por muito tempo, interfone para saber se está tudo bem....

6) Deixe um número de emergência do seu médico ou família em algum lugar visível da casa, como na porta da geladeira, para facilitar o socorro caso alguém precise te ajudar

7) Ouça os sinais do seu corpo... o controle do diabetes tem a ver com CONSCIÊNCIA, e é super importante ter esta consciência ao se medicar, comer, fazer exercícios, pois o equilíbrio depende do nosso conhecimento e de nossas ações, use a seu favor!

Mas acima de tudo, não deixe de ser independente, de viver plenamente, de cuidar de si mesmo!

O diabetes é meu, e sei que devo estar no controle sempre. Por isso, me cuido e me permito morar e viajar sozinha, mas sempre com muita segurança e planejamento!

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