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Fabiana de Luna

Ter diabetes e morar no Chile!


DIABETES E VIAGENS - NÃO TENHA MEDO DE MUDANÇAS!

É incrível como acabamos fazendo amizade com pessoas distantes, e o motivo que nos une? O DIABETES!

A Renata está acompanhando os posts sobre viagens, e logo comentou que estava no Chile!

O Chile é um dos países mais desenvolvidos na América do Sul, não somente pelo turismo, mas pela tecnologia e inovação! E quem nunca bebeu um bom vinho chileno? Hummmmmm

A Re vai nos contar tudinho sobre como é ter diabetes e morar no Chile! E no nosso bate papo, descobrimos que temos muitas coisas em comum! <3

Estou adorando saber mais detalhes sobre como é viver com o Diabetes em outros países! Algumas coisas são tão diferentes, outras nos identificamos! Cada destino, uma surpresa!

Espero, do fundo do coração, que estas informações sejam úteis para alguém algum dia!

Vamos lá!

Dia(enoite)bética: fale um pouquinho de você, de onde é, o que faz, idade, etc..

Meu nome é Renata ou Rê para os amigos, aqui no Chile me chamam de Rena e tenho 36 anos. Eu sou de São Paulo capital e no Brasil eu fiz universidade de Ciência da Computação e logo depois pós graduação na mesma área. Desde que me mudei para o Chile, mudei de profissão, queria algo mais tranquilo e com horários mais tranquilos, assim que sou secretária executiva e cuido da parte administrativa do escritório. Trabalhei 15 anos na mesma empresa em São Paulo mas nos últimos três anos tinha os contatos internacionais trabalhava com vários países da America Latina e no Chile tinha um amigo que fazia projetos comigo. Ficamos juntos a distância até resolvermos que tínhamos que tirar a distância da equação e era mais fácil eu ir que ele vir. Eu me mudei pra cá em 2015.

Dia(enoite)bética: quando descobriu o DM1, qual seu tratamento hoje? (Que insulinas, ou medicamentos usa?)

Eu tenho uma irmã que também tem diabetes tipo 1. Nós temos 9 anos de diferença e ela é a mais nova. Ela adquiriu o diabetes depois de ter hepatite com 6 anos. Eu só fui ficar diabética como ela aos 27 anos. Então entrei com requerimento na secretaria da saúde e, assim como ela, passei a receber lantus e humalog por eles. Também recebia as fitas para medir.

O único insumo que eles não me davam eram as agulhas, que comprava na fundação de diabetes juvenil.

Depois de um ano e meio que eu estava diabética por uma série de fatores, desde negligência médica, diabetes e uma infecção no pulmão mal curada eu perdi minha irmã. Isso já faz 6 anos. Ela estaria agora com 26 anos.

Pra mim a adaptação foi mais fácil porque já tínhamos passado pela dela. O único problema que sempre tive foi ser assintomática. Eu tenho muitas hipoglicemias e como não sinto, chegava aos 35 mg/dl sem me dar conta. Eu fiz uma tatuagem no braço escrito "diabética" exatamente por ser assim, além de andar com um papel informando na carteira.

Atualmente eu uso Apidra (que é o mesmo que a humalog) e uso Tougeo, que é como a lantus mas ao invés de 100ml tem 300ml mas a ação dela é mais lenta, pra me ajudar a controlar as hipoglicemias.

Dia(enoite)bética: Quando decidiu mudar de país, já era diabética? O diabetes te influenciou na decisão de alguma forma? Teve algum receio de viver em um outro país tendo DM?

Eu já era diabética. A diabetes não me influenciou na decisão. Existem muitos diabéticos no mundo e sabia que deveria ter alguma forma de ter o controle em outro país. Mas é claro que tenho que ter mais cuidados. Assim que pesquisei na internet se tinha algum lugar no Chile onde eu poderia buscar informações. Descobri que a mesma fundação de Diabetes Juvenil que existe em SP tb existe aqui no Chile. Ela foi criada pelo pai de um rapaz diabético e presta todos os auxílios igual a de SP.

Quando cheguei no Chile, depois de dois dias fui na "Fundación de Diabetes Juvenil" e o dono me atendeu e foi muito prestativo. Fui inscrita lá gratuitamente e tive acesso a farmácia deles que é o lugar no Chile mais barato para comprar tudo o que vc precisa para cuidar da sua diabetes. Além disso tem nutricionista e pagina web com tabelas para auxiliar a contagem de carboidratos que é interessante para a comida diferente.

Uma coisa interessante no Chile é que eles preferem os alimentos sem açúcar. No supermercado se um iogurte tem açúcar ele vem com um selo negro informando. Então muita empresas mudaram para a sucralose. Atualmente eu posso encontrar até arroz doce feito com sucralose e o valor não é mais caro.

Eles me indicaram um doutor referência em diabetes tipo 1 e comecei a me tratar com ele provisoriamente até conseguir o sistema pelo governo, já que esse doutor era particular e a consulta particular é cara.

Dia(enoite)bética: Você precisa comprar insulinas no país onde reside? Ou recebe os insumos do governo?

Quando eu cheguei eu não comprei insulina porque trouxe um arsenal para durar seis meses e ter tempo de ver como era o sistema.

Aqui existem dois tipos de planos de saúde Isapre e Fonasa. O Isapre tem vários e são os sistemas de saúde privados. Fonasa é o sistema de saúde público deles.

Um diabético que vai procurar plano de saúde somente pode ter Fonasa aqui porque os Isapres não aceitam pessoas com doença pré-existentes. A Fonasa desconta 7% no seu pagamento e vc pode utilizar. Depois de registrada na Fonasa, vc pode dar entrada no processo para receber insumos do governo depois que vc tem a sua RUT, que seria o nosso RG.

Eu fui no sistema CEFAM que existe em todas as cidades daqui e pedi para entrar no sistema do governo GES. Eles te encaminham para um hospital público e lá um médico faz alguns exames para garantir que vc realmente é diabético e depois disso vc é inscrito no sistema GES, Por esse sistema eu recebo tudo o que eu preciso.

Dia(enoite)bética: Como faz o acompanhamento da sua DM no novo país. como é encontrar o médico, existe equipe multiprofissional, é publico ou particular, quanto custa uma consulta...

A consulta particular custa $50.000 pesos que são mais ou menos 264 reais. Depois que fui ingressada no sistema GES eu faço o meu controle no hospital público. O sistema GES te indica em qual hospital vc tem que fazer seu controle. Depende da cidade onde vc vive.

Eu tive a sorte de morar perto do Hospital Soltero del Río que é o melhor em diabetes tipo 1 no Chile. No hospital eu preciso fazer acompanhamento com a nutricionista a cada três meses e com a Diabetologa (aqui tem o doutor especializado em diabetes). Apesar de estar super bem controlada e conseguir manter minha hemoglobina glicosilada a 6,5 Desde julho meus controles tem sido mais seguidos com a doutora porque no Chile existe uma Lei chamada Ricarte Soto e por causa dela minha diabetóloga está me indicando para receber a bomba de insulina e os insumos pelo governo, e assim ter um controle muito melhor do que eu tenho agora.

Dia(enoite)bética: Achou fácil obter ajuda, orientação, etc ai?

Foi super fácil. A Fundação de Diabetes do Brasil me indicou a do Chile que me deu todo o suporte necessário e me explicou como me inscrever no sistema GES. O processo é demorado já que somando o tempo para sair minha RUT e ingressar no sistema GES foi quase 8 meses mas não posso reclamar, recebo todo, até as agulhas.

Dia(enoite)bética: Como é controlar o diabetes num país que cuja culinária é tão diferente da nossa...

Apesar de ter culinária diferente, tem muita coisa parecida. A tabela de contagem de carboidrato que me entregaram ajudou muito, a diabetóloga me ajudou tb. Além disso vc encontra de tudo sem açúcar no supermercado e com uma variedade de sabores enorme como iogurte, sucos.

Dia(enoite)bética: Como é viver sozinho em outro país tendo diabetes. Algum medo? Você avisa seus amigos, vizinhos sobre o diabetes e como socorrer em uma situação adversa?

Eu moro com meu namorado que é Chileno. Eu levei ele na fundação onde ensinaram para ele como aplicar insulina. Além disso eu expliquei para o pessoal que trabalha comigo como fazer em caso de que me passe algo e todos tem o telefone do meu namorado para avisá-lo. Eu, de verdade, sempre tenho medo, talvez por algumas coisas que passaram. Mas não deixo o medo atrapalhar minha vida.

Dia(enoite)bética: Deixe uma mensagem pra quem deseja fazer intercâmbio ou mudar de país tendo diabetes!

Eu acredito que a vida é uma só e vc tem que aproveitá-la ao máximo. A diabetes é uma condição especial que se pode viver com ela. Tem que ter cuidado, preocupar-se em pesquisar para não ter problemas mas jamais deixar de viver seus sonhos. Se o que vc quer é sair, mudar, tem que fazer.

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