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Foto do escritorFabiana de Luna

Ter diabetes e morar na Austrália!


DIABETES E VIAGENS - NÃO TENHA MEDO DE MUDANÇAS!

Conheci a Bruna Duarte pela internet, pela página #Diaenoitebética, através de um comentário em um dos posts sobre Viagens.

Logo vi que temos amigos em comuns, afinal, esse muito é muito pequeno mesmo!

A Bruna está morando na Austrália, e traz um relato super bacana! A Austrália é um dos países mais procurados por brasileiros, assim como o Canadá, tanto para intercâmbio de poucos meses como para imigração!

Quer saber mais sobre como é ter diabetes e viver na Austrália? A Bruna conta tudinho!!!

Dia(enoite)bética: fale um pouquinho de você, de onde é, o que faz, idade, etc..

Meu nome é Bruna, tenho 32 anos, desses 21 com Diabetes tipo 1. Não tive dificuldade em aceitar a doença, mas tive meus altos e baixos na adolescência (quem nunca?)

Trabalho na área de marketing, com marketing direto e CRM, e o diabetes nunca me impediu de fazer nada, muito pelo contrário, me ajudou até em entrevistas de emprego “Sou muito disciplina e organizada, tenho diabetes desde criança e isso me ajudou, etc, etc.”. Sempre quis morar um tempo fora do país, viver numa nova cultura, mas tive receio quando mais nova, então nada de intercâmbio para mim.

Dia(enoite)bética: quando descobriu o DM1, qual seu tratamento hoje? (Que insulinas, ou medicamentos usa?)

Descobri o diabetes em 1996, eu tinha 11 anos. Nessa época não tinha tanta opção de medicamentos, tive meus altos e baixos, mas faz alguns bons anos que estou bastante controlada e hoje meu tratamento é feito com Levemir, Humalog e Glifage XR, contagem de carboidratos e exercício diário!

Dia(enoite)bética: Quando decidiu mudar de país, já era diabético? O diabetes te influenciou na decisão de alguma forma? Teve algum receio de viver em um outro país tendo DM?

Sempre quis fazer intercâmbio quando era mais nova, mas nunca fiz com medo de estar longe de casa, sozinha, com receio de passar por algum perrengue por conta da doença.

Mas o mundo dá voltas e tive a oportunidade de vir mora em Melbourne, na Austrália, em março desse ano, por conta de um convite de emprego do meu marido. E, claro, as dúvidas surgiram de novo “Mas como vai ser? Como vou conseguir meu medicamento? Como é o tratamento? E os preços?” Mas então pensei que existem diabéticos na Austrália e, de alguma forma, eles se tratam por aqui, certo?

Pesquisei bastante antes para ter a certeza de que minhas insulinas eram vendidas aqui, quanto custaria o tratamento mensal para entender a viabilidade financeira, como era o processo para compra. Estar bem informado é um fator primordial para ter a total segurança.

Dia(enoite)bética: Você precisa comprar insulinas no país onde reside? Ou recebe os insumos do governo?

Quando me mudei trouxe um arsenal comigo: insulinas, tiras para medir a glicemia, glifage, agulha das canetas, tudo para durar de 8-9 meses. Assim teria tempo o suficiente para me adaptar ao país, conhecer como tudo funcionava na prática e garantir meu tratamento. Levei quase tudo na bagagem de mão para evitar qualquer problema caso alguma mala fosse extraviada. Nas malas que despachei, coloquei uma receita da minha médica no Brasil, em inglês, para não retirarem nada da bagagem.

No Brasil é tudo super fácil, você vai na farmácia e compra a quantidade que quiser e quando quiser. Aqui não. É necessário ter a receita de um médico local para comprar e até a visita no médico é diferente do Brasil. Tudo é controlado, um pouco burocrático, mas funciona.

Primeiro você precisa visitar um GP (general practice), que é tipo um clínico geral que faz uma pré-avaliação sua e é o GP quem te indica para um especialista, ou seja, não dá para ir direto em um endocrinologista. Mas o GP também pode fazer a receita das insulinas. A receita pode ser de único uso (compra somente da quantidade informada) ou de múltiplo uso (usa mais de uma vez ou pode comprar uma quantidade maior que a prescrita).

Aqui existem duas formas de conseguir o tratamento, depois desse processo da receita.

Imigrante residente Australianos e residentes permanentes tem o Medicare, que é o sistema de saúde pública da Austrália. Um % do salário é descontado em folha para o Medicare, de acordo com a sua renda mensal. O medicare dá direito ao PBS, que é o programa de descontos do governo para medicamentos e com ele é possível pegar qualquer tipo de insulina pelo mesmo preço, em torno de AU$37. Também existe outro programa de benefícios exclusivo para diabetes que permite pegar fitinhas e agulhas/seringas gratuitamente (na marca que você quiser! Diferente do Brasil) em farmácias credenciadas.

Imigrantes não residentes Residentes temporários não têm direito ao Medicare e, consequentemente, não podem usufruir dos benefícios do governo. É preciso pegar a receita e comprar o medicamento diretamente nas farmácias pelo preço cheio. A insulina Levemir com 5 refis, por exemplo, encontrei por AU$79. No Brasil eu pagava em torno R$350.

Caso a sua intenção seja fazer um intercâmbio de alguns meses, eu sugiro já trazer toda a medicação que você irá precisar na sua estadia para evitar toda a burocracia e gasto em moeda estrangeira.

Dia(enoite)bética: Achou fácil obter ajuda, orientação, etc?

Fiz toda a pesquisa de como funcionava o processo no site do governo da Austrália e em sites de farmácia online enquanto ainda estava no Brasil.

Dia(enoite)bética: Como é controlar o diabetes num país que cuja culinária é tão diferente da nossa...

Quando você troca de trabalho, muda o local onde mora, é sempre uma mudança de rotina. Mudar de país não é tão diferente nesse sentido. Você precisa ser mais cuidadoso no início para entender se o tratamento atual é adequado para a sua nova rotina ou se também precisa adaptá-lo.

A Austrália é um país de imigrantes, então tem todo o tipo de comida, no mercado dá para comprar praticamente tudo o que se compra no Brasil.

Para comer na rua também, restaurantes e fast food de sanduíches, comida tailandesa, vietnamita, japonesa, etc. Confesso que reclamava dos restaurantes a quilo, mas aqui morro de saudades!

Na rotina de trabalho, as pessoas costumam trazer comida de casa ou almoçar fora em 30 minutos, que é o tempo regular de almoço. Isso é bom porque dá para cozinhar em casa e levar um almoço saudável (não que eu faça isso). Os mercados também vendem comida no almoço. Compro saladas por AU$5, uma maravilha! Sempre trago um lanche de casa e não importa se estou na minha mesa de trabalho ou numa reunião com clientes, levo comigo e como na hora certa.

Acredito que o principal fator seja conseguir ter uma rotina de verdade, respeitando os horários das refeições e garantir um tempo livre para fazer exercício diário e, a partir daí, ajustar o tratamento se necessário. Eu conheço muito bem meu corpo, sintomas, então consigo fazer os ajustes sozinha. Mas vale buscar ajuda Professional, até mesmo do seu médico de confiança no Brasil.

Dia(enoite)bética: Como é viver praticamente sozinha em outro país tendo diabetes. Algum medo? Você avisa seus amigos, vizinhos sobre o diabetes e como socorrer em uma situação adversa?

Vim com o meu marido, o que já me dá uma enorme segurança.

Acho super importante que algumas pessoas de sua convivência diária saibam da sua condição para qualquer imprevisto, até mesmo estando no Brasil (torcemos para que nada aconteça, mas, como diz a minha mãe, é melhor prevenir do que remediar). Pessoas do meu trabalho sabem da minha doença (ninguém conhecia Diabetes, pasmem!), então expliquei o que era e o que devem fazer em caso de emergência.

Também vale andar com uma carteirinha explicativa em inglês na bolsa/mochila para quando estiver sozinho.

Dia(enoite)bética: Uma mensagem pra quem deseja fazer intercâmbio ou mudar de país tendo diabetes?!

Não deixe o diabetes te impedir de seguir um sonho! Sim, dá medo, dá um receio, mas isso faz parte! E lembre-se de que existem outras pessoas como você em todo lugar do mundo. O importante é ter um bom planejamento e garantir que a doença esteja controlada e que você esteja bem de saúde e, claro, pesquisar bastante como as coisas funcionam no país de destino. Em resumo: se planeje, se informe e o principal: se cuide! =)

1.425 visualizações3 comentários

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3 Comments


Naiara Maria
Naiara Maria
Mar 14, 2023

Boa tarde!


Tenho DM2 e gostaría de saber se existe o glifage na Austrália ou algum medicamento similar..

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tatigresende
tatigresende
Jan 31, 2022

Boa tarde! Gostaria de saber como levou as insulinas para a Australia (transporte no avião) e qual bag usou para suportar refrigerada tanto tempo

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Fabiana de Luna
Fabiana de Luna
Jan 31, 2022
Replying to

Olá! Não sei se a Bruna, que deu a entrevista, vai ver seu comentário, mas vou deixar aqui um post com dicas para viagens com diabetes e como tranportar insumos e insulinas! https://www.diaenoitebetica.com.br/post/2019/05/06/viajando-com-o-diabetes Espero que seja útil! Abs, Fabiana

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