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  • Fabiana de Luna

Ter diabetes e morar na Irlanda!


DIABETES E VIAGENS - NÃO TENHA MEDO DE MUDANÇAS!

Mais um destino SUPER procurado pelos brasileiros: A Irlanda!

Tenho vários amigos que moram lá, estudando e/ou trabalhando. Ainda não visitei, mas morro de vontade de ir! Todos dizem que a Irlanda é apaixonante!

Conheci a Michele pelo Facebook e foi sintonia à primeira vista! Conversamos muito nos últimos dias, e falamos sobre diabetes, sobre morar fora, sobre a vida, sobre um monte de coisas que me fizeram muito bem, e tenho plena convicção de dizer: é uma pessoa que quero ter sempre por perto! =)

E o melhor de tudo gente, ela é NUTRI! <3

Mi, obrigada pelo seu depoimento! Tenho certeza que ajudará muito as pessoas vão pra Irlanda, para aprender Inglês.

Borá lá!

Dia(enoite)bética: Fale um pouco sobre você, de onde é, o que faz, etc...

Meu nome é Michele, tenho 30 anos, 28 anos de DM1 e sou gaúcha. Sou nutricionista, tenho especialização em doenças crônicas, e atualmente estou trabalhando com nutricoaching e estudando inglês. Nunca tive o sonho de morar fora do Brasil, mas sempre gostei de viajar, porém nem pensava em visitar a Irlanda, quem dirá morar, mas está sendo uma experiência incrível!

Dia(enoite)bética: Nos conte um pouco sobre sua vida e o diabetes:

Tive diagnóstico da diabetes quanto tinha 2 anos, depois que minha mãe observou que eu estava bebendo muita água e emagrecendo. Hoje meu tratamento é insulina Lantus e Humalog, contagem de carboidrato e exercícios físicos, mas estou pensando em começar a usar a bomba de insulina. E devido aos dias cinzas da Irlanda, tomo suplementação de vitamina D.

Dia(enoite)bética: Quando decidiu mudar de país, já era diabética? O diabetes te influenciou na decisão de alguma forma? Teve algum receio de viver em um outro país tendo DM?

Quando mudei para Dublin já era diabética. Quando contei para os meus pais que ia embora do Brasil a primeira pergunta dos dois foi "e a diabete? vai ter plano de saúde lá?". Depois conversando com uma amiga que já morava aqui, ela comentou que tinha um amigo que morou aqui e que também tinha diabetes, me passou o contato dele e conversando com ele fiquei sabendo como funcionava as coisas em relação ao sistema de saúde, o que me deixou mais tranquila. Trouxe medicação para uns 3 meses, na bagagem de mão, com prescrição do meu médico junto.

Dia(enoite)bética: Você precisa comprar insulinas no país onde reside? Ou recebe os insumos do governo?

Aqui existe um programa chamado Long Term Illness Scheme, que é um programa para doenças de longo prazo, como a diabetes. No site do serviço de saúde da Irlanda tem um formulário que você precisa imprimir e levar para o médico preencher. Para solicitar as medicações é necessário fazer o PPS (Personal Public Service) que é o cartão necessário para usar os serviços públicos. Aqui também precisamos passar por um GP que irá nos encaminhar pra o especialista, mas o próprio GP pode preencher o formulário. Após o médico preencher, entreguei o formulário no Local Health Office perto da minha casa, que é como se fosse uma unidade de saúde. No outro dia já recebi pelos correios o livro de prescrição médica que precisei retornar para o médico preencher com as medicações que eu uso. Essa prescrição precisa ser renovada a cada 6 meses. Todo mês eu vou na farmácia que eu escolhi (todas as farmácias tem esse serviço), apresento o livro, falo quais medicações eu preciso e retiro elas lá na hora. Antes de eu começar a receber as medicações fui em algumas farmácias me informar dos valores e a resposta era sempre a mesma "você precisa ir no médico e pedir prescrição, pois essas medicações são gratuitas para quem tem diabete", por isso eu não dei qual o valor hoje. Sobre a bomba de insulina, o processo para começar a usar dura em torno de 4 meses e, em geral, o governo disponibiliza a bomba. É necessário passar por um curso com enfermeiras e ter acompanhamento de nutricionista por causa da contagem de carboidrato. Detalhe: mesmo sendo nutricionista e fazendo contagem de carboidrato há uns 15 anos, não escapei do curso, é obrigatório.

Dia(enoite)bética: Como faz o acompanhamento da sua DM no novo país. como é encontrar o medico, existe equipe multiprofissional, é publico ou particular, quanto custa uma consulta...

Quando cheguei aqui consultei com um GP que fez uma carta pro hospital próximo da minha casa me encaminhando pro endocrinologista. Mesmo sendo consulta particular, a consulta foi agendada somente para o final de maio, ou seja, quase 5 meses de espera. No dia da consulta já renovei minha prescrição no livro e ao sair da consulta fiz os exames de sangue (o que para mim foi estranho, pois eu não estava em jejum hehe). Essa consulta custou 160 euros, as reconsultas particulares custariam 110. Dias depois recebi uma carta com o agendamento da próxima consulta (já na clínica pública do hospital) para cerca de 2 meses após a primeira consulta. Aqui na Irlanda existe o Medical Card, que é um cartão do governo que as pessoas podem solicitar, de acordo com a renda. Com esse cartão você tem acesso a consultas médicas, mas para ter acesso aos medicamentos não é necessário o Medical Card. Existe equipe multiprofissional, até agora passei por endocrinologista, enfermeiro e nutricionista. Um ponto que pra mim é complicado de aceitar nos atendimentos médicos aqui é que como os exames de sangue são entregues pelo laboratório para os médicos, nós não temos acesso aos resultados. Em geral eles só falam que está tudo bem. Eu sinto falta de poder olhar meus exames, saber se algum resultado mudou em relação aos exames anteriores.

Dia(enoite)bética: Achou fácil obter ajuda, orientação, etc, aí?

Sim, todo o processo das medicações está explicado no site do sistema de saúde da Irlanda. E as equipes médicas não se importam de explicar várias vezes. Inclusive o hospital que estou sendo atendida tem serviço de interprete se for necessário. Na consulta com a médica da clínica pública (que é a médica que fará meu acompanhamento daqui pra frente), fui atendida antes por uma enfermeira que verificou meu peso, fez o HGT etc. Como aqui a glicose é medida em mmol/L ao invés de mg/dL como é no Brasil, a médica falou que eu teria q trocar de glicosímetro. Após a consulta dois enfermeiros conversaram comigo, me explicaram a conversão de mmol/dL, me deram um novo aparelho etc. Confesso que essa é minha principal dificuldade, afinal é uma vida toda calculando insulina e tudo mais com uma medida, mas acredito que logo ficará mais fácil.

Dia(enoite)bética: Como é controlar o diabetes num país que cuja culinária é tão diferente da nossa...

Em geral acho que a comida irlandesa tem muita gordura e batata, eles adoram batata, mas frutas e verduras são fáceis de encontrar. Carnes de porco e frango são baratas, carne de gado é um pouco mais caro. Apesar da Irlanda ser uma ilha, o acesso a peixes é um pouco complicado, não é qualquer mercado que encontramos peixes frescos e o valor não é muito acessível. Aqui em Dublin, como tem muito brasileiro, tem várias lojas brasileiras que vendem produtos do Brasil, como polvilho, farinha de mandioca, coxinha, pão de queijo... São poucas as coisas que realmente não encontramos aqui. Assim como temos que fazer no Brasil quando aparece alguma alimento novo, aqui precisamos nos inteirar das informações nutricionais dos alimentos e preparações do país, pois até o pão de forma tem uma quantidade diferente de carboidratos e gorduras, por exemplo.

Dia(enoite)bética: Se mora sozinho... Como é viver sozinho em outro país tendo diabetes. Algum medo? Você avisa seus amigos, vizinhos sobre o diabetes e como socorrer em uma situação adversa?

Eu moro com meu marido, mas ele viaja bastante. Meus amigos e vizinhos próximos sabem que tenho diabetes, mas eu tento sempre monitorar bem a glicemia para não ter problema. Quando minha glicose começa a baixar eu já sinto, mesmo dormindo (se eu to com hipoglicemia, eu acordo), e sempre tenho em casa suco de laranja ou algum refrigerante normal para emergências.

Dia(enoite)bética: Uma mensagem pra quem deseja fazer intercâmbio ou mudar de país tendo diabetes?!

A diabete exige cuidado, tanto no Brasil como em outro lugar do mundo, por isso não deixe de fazer nada por causa dela. É importante saber como funciona o sistema de saúde do país que você vai morar, como é o acesso aos medicamentos, mas acredito que sejam raros os países que não oferecem estrutura para nos receber. Conhecer novos lugares, sair da zona de conforto, faz bem para qualquer pessoa e nos mostra também outras maneiras de lidar com a diabete no dia a dia.

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